Com a boa alimentação, remédios e vacinas, os cães e gatos estão vivendo mais. Assim, a população idosa aumentou. Mas será que seu cão/gato já é considerado idoso? Quais são os cuidados a serem tomados na terceira idade do pet?
Muitos dizem que para saber a idade equivalente à humana, de um cão ou gato, basta multiplicar a idade dele por sete. Assim, com 8 anos, o pet era considerado idoso. Nesta conta, não era levada em consideração o porte do animal e nem o estilo de vida.
Os estudos mais recentes mostram que a conta não é tão fácil assim. Pelos brancos nem sempre querem dizer que a velhice chegou. Para cães de porte grande, a terceira idade pode chegar aos 7 anos. Porém, para gatos que vivem somente dentro de casa e cães de pequeno porte, a velhice pode começar a apresentar sinais a partir dos 10 anos.
Você sabe quais são os sinais da velhice?
– cansaço
– falta de apetite
– emagrecimento em gatos e aumento de peso em cães
– preguiça/desânimo
– falta de vontade de brincar ou fazer coisas que antes gostava
– dificuldade de fazer movimentos comuns, como abaixar para pegar ração
– dores articulares e de coluna
Como melhorar a terceira idade do cão/gato?
Pode parecer besteira, mas pequenas mudanças na rotina do cão/gato idoso podem fazer uma grande diferença. A médica veterinária especialista em comportamento animal e CEO da Pet Anjo, Carolina Rocha, dá algumas dicas simples, para melhorar a vida dos peludos vovôs.
– Evite mudar os móveis de lugar. Alguns cães podem perder a visão totalmente ou parcialmente. Os móveis são uma forma de se localizarem. A mudança do local pode acarretar em perda espacial ou mesmo um acidente ao se chocar contra um móvel novo.
– Eleve os potes de água e comida. Fazer movimentos repetitivos, como abaixar para pegar ração, pode gerar incômodos ou dores. Coloque uma caixa de sapato ou tijolo embaixo dos comedouros, para facilitar a movimentação.
– Coloque luzes com sensor de movimento pelo corredor. Além de perder a acuidade visual, os cães e gatos podem ter doenças neurológicas degenerativas, como Alzheimer. As luzes poderão ajudar na localização para ir ou voltar do quarto, por exemplo.
– Evite subidas e descidas de sofá, cama, escada, etc. Com a idade, a noção de profundidade pode se perder. Qualquer salto mal planejado pode causar acidentes com consequências sérias. Fraturar uma pata na idade adulta pode ter uma recuperação mais difícil.
– Dê preferência a pisos antiderrapantes. Com a idade, artrose, artrite e problemas de coluna são comuns. Aquele piso liso pode aumentar a dor e desconforto articular. Por isso, coloque passadeiras antiderrapantes próximas ao local do banheiro (tapete higiênico/jornal), cama, comedouros e onde costuma caminhar.
– Faça passeios mais curtos, respeitando a energia do cão. Com o passar do tempo, é comum que o cão fique mais preguiçoso e sua necessidade de exercícios diminua. Mas, mesmo assim, é importante fazer caminhadas curtas diariamente com o cão idoso.
– Ofereça desafios mentais. Sem tanto interesse por brinquedos, os cães passam o dia sem fazer nada. Isso pode facilitar o aparecimento da depressão ou problemas neurológicos. Para resolver isso, ofereça a comida dele em locais que dificultem o acesso, para que ele passe mais tempo “caçando”. Veja alguns exemplos aqui e aqui para cães e aqui para gatos.
– Evite mudanças de rotina. Os cães e gatos são muito sistemáticos. Na terceira idade, esta característica é ainda mais acentuada. Por isso, mantenha uma rotina, cumprindo horários. Evite trocar de casa ou mesmo introduzir um novo pet.
Quais as doenças comuns na velhice?
Assim como acontece com idosos humanos, os pets velhinhos são mais acometidos por doenças, como câncer, diabetes, catarata, artrite, artrose, problemas cardíacos e até Alzheimer. Por isso, é recomendado levar o idoso a cada seis meses ao veterinário, para fazer um acompanhamento e check-up.
Fique atento a alguns sinais:
– beber muita água
– fazer muito xixi
– xixi ou cocô no local errado
– emagrecer ou engordar muito
– choro ou contração da pele ao fazer carinho ou massagem
– dificuldade de locomoção
– globo ocular opaco
– dificuldade de respiração
– mau hálito e perda de dentes
– tosse
A qualquer um desses sintomas, leve o pet imediatamente ao veterinário.
Velhice e a medicina alternativa
Uma das maiores dificuldades de ter um peludo idoso é conseguir dar qualidade de vida. Por isso, muitos tutores recorrem às terapias alternativas. Acupuntura, aromaterapia, musicoterapia, cromoterapia e homeopatia são as mais procuradas.
A médica veterinária especialista em medicina oriental, Esther Halfon, explica que, segundo este tipo de medicina, o corpo nasce com uma certa quantidade de energia vital. Com a idade, essa energia diminui. Assim, as agulhas, por exemplo, podem auxiliar a circular mais energia, para que o animal tenha mais ânimo para comer, passear e até brincar.
Dra. Esther elucida: “É muito comum que o paciente idoso chegue ao consultório veterinário com dor. A primeira coisa, então, é buscar a analgesia. Além disso, buscamos auxiliar na liberação de serotonina (hormônio do bem estar), para que ele tenha mais vontade de executar as atividades comuns”.
Em apenas uma sessão, o cão já apresenta melhora. A Dra Esther incrementa a sessão de acupuntura com aromaterapia e cromoterapia. “O óleo essencial de laranja ou tangerina é uma ótima opção para os cães que estejam sem ânimo ou apetite” ensina. Para usar em casa, a veterinária indica utilizar o óleo essencial em um difusor ou até uma gota na caminha do peludo.
Vou viajar, e agora?!
Uma das coisas mais temidas para pets idosos, e seus tutores, é quando precisam ficar sozinhos. A petsitter da Pet Anjo, Cristiane Froio, explica que é comum o tutor do idoso evitar sair ou viajar, para ficar com o peludo. “Eles creem que ninguém irá cuidar do seu pequeno, como ele. São bem mais exigentes. Porém, quando encontram uma petsitter capacitada para cuidar dos velhinhos, ficam mais tranquilos” ressalta.
Dar remédio é o mais fácil. A grande diferença desse tipo de profissional é conseguir entender as necessidades dos idosos. “Cabe a petsitter buscar uma forma de entreter o cão/gato. Se perceber algo errado, o tutor deve ser acionado e o animal encaminhado ao veterinário”.
Pode parecer mais difícil, mas segundo Cristiane, cuidar de um idoso é ganhar um novo membro da família. “Os velhinhos me tocam muito e por isso eu acabo mimando mais. Todos merecem ser mimados, mas os velhinhos trazem uma carga especial de vida, por conta da idade. Faz com que a gente queira cuidar mais e mais” conclui.
Com pequenas mudanças e cuidados na rotina do peludo, ele viverá mais e muito feliz. Está nas nossas mãos a responsabilidade pelo bem estar e velhice bem vivida deles.
Fonte: Luiza Cervenka de Assis – Estadão